Cinco dicas para criar visualizações adaptadas para daltônicos

Este é o primeiro de uma série de artigos sobre algumas das conhecidas “regras de visualização de dados”. Frequentemente ouvimos sobre essas regras, mas muitas vezes os detalhes por trás delas não são explicados em profundidade ou são completamente ignorados. Gostaria de examinar algumas delas para entender melhor como aplicá-las. Para a primeira parte da série, analisei o problema de usar as cores verde e vermelho juntas.

Observação: o artigo a seguir é a primeira parte de uma série de artigos de autores convidados e foi escrito pelo Mestre Zen do Tableau, Jeffrey Shaffer.

Este é o primeiro de uma série de artigos sobre algumas das conhecidas “regras de visualização de dados”. Frequentemente ouvimos sobre essas regras, mas muitas vezes os detalhes por trás delas não são explicados em profundidade ou são completamente ignorados. Gostaria de examinar algumas delas para entender melhor como aplicá-las. Para a primeira parte da série, analisei o problema de usar as cores verde e vermelho juntas.

Regra da visualização de dados: “Não use vermelho e verde juntos.”
O problema. “10% dos homens são daltônicos e a maior parte do problema está nas cores vermelho e verde.”
Reação: “Não use vermelho e verde juntos.”

Estudos mostraram que cerca de 8% dos homens e 0,5% das mulheres sofrem de discromatopsia. Geralmente, esse problema é mais conhecido como “daltonismo”, embora esse termo não esteja tecnicamente correto.

Ter discromatopsia não significa que uma pessoa não pode ver nenhuma cor, a menos que ela tenha um distúrbio mais raro chamado acromatopsia (ocorre em uma a cada 33 mil pessoas). Pessoas com discromatopsia, que é mais comum, veem como se fossem iguais cores que a maioria das pessoas enxergam diferentes.

Os dois tipos mais comuns de discromatopsia são deuteranomalia e deuteranopia, que juntas ocorrem em cerca de 6% dos homens, e protanomalia e protanopia, que estão presentes em outros 2% (mais informações estão disponíveis em color-blindness.com). Esses distúrbios geralmente são chamados de “deficiência de vermelho” e “deficiência de verde” ou “daltonismo vermelho-verde” Observação: não falarei sobre a discromatopsia azul-amarelo porque os casos são bem menos comuns.

Veja a seguir algumas dicas para criar visualizações que daltônicos podem ver.

1. O vermelho e o verde juntos podem ser problemáticos, mas há alguns casos em que podem ser combinados

De fato, o uso de verde e vermelho juntos é um problema comum. Pessoas com um grau forte de discromatopsia (forte significa um caso mais grave do distúrbio) veriam tanto o vermelho quanto o verde como marrom. Pessoas com um grau fraco de discromatopsia conseguem ver corretamente tons intensos de verde e vermelho. No entanto, isso ainda pode ser um problema quando as cores estão em tons claros ou são mescladas.

Tenha em mente que a incapacidade de distinguir essas cores só será um problema se as cores forem o único método de codificação usado para comparar diferenças: por exemplo, diferenciar um número positivo e um número negativo em uma tabela ou duas linhas do mesmo tamanho no mesmo gráfico de linhas. Por exemplo, no gráfico abaixo, a cor é necessária para diferenciar um quadrado positivo de um quadrado negativo. Usando a simulação de deuteranopia, podemos ver como seria difícil fazer a distinção.

Já vi críticas ao uso de vermelho e verde juntos na mesma visualização, mas as cores não estavam sendo usadas de uma forma em que era necessário poder distingui-las para interpretar corretamente as informações. Se as cores aparecem em contextos separados (por exemplo, em dois gráficos diferentes) e estão rotuladas adequadamente, o fato de que ambas são vistas como marrom pode não ser um problema.

O gráfico abaixo oferece um exemplo em que basta observar a linha do eixo para identificar facilmente que a maioria dos números é positiva e os demais são negativos. A cor é um elemento secundário usado apenas para codificar os valores positivos e negativos. Embora essa talvez não seja a melhor escolha de cores, uma pessoa com discromatopsia pode interpretar o gráfico corretamente sem usar as cores para fazer a comparação.


2. Lembre-se de que a regra não se aplica apenas ao vermelho e ao verde

Várias ferramentas de visualização de dados incorporam uma paleta com as cores do semáforo, e muitas empresas (inclusive seus clientes e chefes) ainda fazem questão de usar essa paleta. Com toda essa conversa sobre cores de semáforo e as várias formas de chamar os distúrbios de discromatopsia, não é surpresa que essa regra da visualização de dados tenha sido simplificada para “não use vermelho e verde”. Veja a seguir uma representação das cores da paleta de semáforo do Tableau com a simulação de protanopia.

Observe que aqui o problema vai muito além do uso de vermelho e verde. Como uma pessoa com um grau forte de discromatopsia veria o vermelho, o verde e o laranja como marrom, faria mais sentido dizer “não use vermelho/verde/marrom/laranja juntos”. Mas isso não é tudo. A combinação de determinadas cores também pode ser problemática.

Um dos pares que geralmente é ignorado é azul e roxo. Em um modelo de cores RGB, o roxo é criado com uma mistura de azul e vermelho. Se uma pessoa tiver um problema com o vermelho, ela talvez não veja corretamente o roxo, confundindo-o com azul.

Além disso, rosa e cinza ou cinza e marrom juntos também podem ser um problema. Veja a seguir a paleta de cores Tableau 10 em uma simulação de deuteranopia. Além de vermelho, verde e marrom, as combinações azul/roxo, rosa/cinza e cinza/marrom também podem ser problemáticas.

Meu cunhado tem discromatopsia, então ele sempre é a cobaia dos meus experimentos com cores. De todos os testes que fiz com ele, a combinação de cores da imagem abaixo (à esquerda) foi a que ele mais teve dificuldade para distinguir. Ele parece ter protanopia, que está simulada abaixo à direita.

Agora que sabemos que há muitas outras combinações de cores que podem causar problemas, o que devemos fazer?

3. Use uma paleta adaptada para daltônicos quando necessário

Geralmente é aceitável combinar duas cores quando uma delas não está associada à discromatopsia. Por exemplo, azul/laranja é uma paleta geralmente adequada para daltônicos. Azul/vermelho ou azul/marrom também funcionam. Para os tipos mais comuns de discromatopsia, todas essas paletas funcionam bem, já que pessoas com esses distúrbios geralmente enxergam o azul.

O Tableau tem uma paleta de cores adaptada para daltônicos integrada desenvolvida por Maureen Stone. Essa paleta funciona perfeitamente para todos os casos de discromatopsia. Veja a seguir a paleta adaptada para daltônicos do Tableau nas simulações de deuteranopia e protanopia. Observe como ela é ideal para distinguir todas as cores.

Talvez seu chefe, um cliente ou até mesmo o guia de estilo ou a paleta de cores da empresa exija o uso de vermelho e verde. O que podemos fazer nesse caso?

4. Se você for obrigado a usar vermelho e verde juntos, contraponha tons claros e escuros

Para alguém com discromatopsia, o problema está sobretudo no matiz (por exemplo, verde/vermelho) e não no valor da cor (claro/escuro).

Praticamente qualquer pessoa pode diferenciar uma cor muito clara de uma cor muito escura, então outra opção ao usar vermelho e verde juntos é escolher um verde bem claro, um amarelo médio e um vermelho bem escuro. Uma pessoa com um grau forte de discromatopsia veria esse esquema de cores mais como uma sequência de intensidade, mas pelo menos conseguiria distinguir o vermelho do verde diferenciando os tons claros dos escuros.

5. Se você for obrigado a usar verde e vermelho juntos, ofereça métodos alternativos de distinguir os dados

Seguindo a mesma lógica de antes, se usar vermelho e verde, você também pode adicionar ícones, setas de direção, rótulos, anotações e outros indicadores que ajudariam uma pessoa com discromatopsia a identificar que algo é negativo (vermelho) ou positivo (verde).

Outra opção pode ser uma caixa de seleção que permite ao usuário mudar a paleta de cores de toda a visualização para uma paleta adaptada para daltônicos. Assim, seria possível usar o par vermelho/verde para a maioria do público e, ao mesmo tempo, oferecer a pessoas com discromatopsia a opção de alterar completamente a paleta.

Infelizmente, não há uma forma fácil de fazer isso no Tableau. No entanto, é possível. Veja a seguir dois exemplos: o primeiro emprega um parâmetro para alterar a paleta de cores (usando um esquema de cores sequencial e categorizado com transparência) e o segundo usa uma ação de painel, semelhante ao que o Mestre Zen do Tableau Robert Rouse usou em sua técnica de menu oculto.

Quer garantir que sua visualização seja adaptada para daltônicos? Além de vários simuladores de daltonismo, também há um plug-in para isso. O plug-in do Chrome “NoCoffee” simula todos os tipos de discromatopsia diretamente no navegador, inclusive de suas visualizações hospedadas no Tableau Public ou no Tableau Server.

Experimente usar o plug-in NoCoffee por um dia inteiro e surpreenda-se ao entender como uma pessoa com discromatopsia vê o mundo. Para imagens da sua visualização sem usar o navegador, experimente este simulador de visão cromática.

Gostaria de agradecer a Maureen Stone por sua ajuda inestimável com a revisão, comentários e sugestões para este artigo.

Para conferir mais dicas, ideias e visualizações de Jeffrey Shaffer, visite a página do Tableau Public e o blog dele. Você também pode interagir com ele no Twitter: @HighVizAbility.